Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo
muito semelhante ao que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua
cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não
faltaram as canas, por duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de
escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite
sem dormir, parte de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo
despido, e vos despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós
maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo
isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá
merecimento de martírio.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado)
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de cristo e
a) A atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) A função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) O sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) O papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) O trabalho dos escravos na produção de açúcar.